A nutrição precoce e a gravidade de doenças em recém-nascidos de extremo baixo peso

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Prematuridade Crescimento e Desenvolvimento Desnutrição
A nutrição precoce e a gravidade de doenças em recém-nascidos de extremo baixo peso (publications)

Dra. Cléa Rodrigues LeoneOs efeitos da nutrição precoce em recém-nascidos pré-termo de extremo baixo peso (RNPT-EBP) sobre a evolução pós-natal dessas crianças têm sido cada vez mais analisados, especialmente as repercussões sobre seus padrões de crescimento, morbidade e desenvolvimento.

No entanto, a maioria das publicações a esse respeito são revisões que se baseiam em estudos prospectivos e retrospectivos observacionais, o que leva a limitações dos resultados. Isto decorre do fato de que as prescrições nutricionais individuais costumam ser definidas a partir da avaliação clínica de cada recém-nascido (RN), considerando-se suas condições de estabilidade e riscos, embora sigam princípios e recomendações definidas em cada serviço. Por esse motivo, variam entre os serviços e, num mesmo local, entre os RN.

Tornam-se, portanto, relevantes os resultados obtidos por Ehrenkranz RA e colaboradores*, que realizaram um estudo para avaliar se as diferenças existentes entre a nutrição nas primeiras semanas de vida de RNPT- EBP, mais criticamente doentes e menos criticamente doentes, poderiam modular os efeitos das doenças críticas sobre suas evoluções futuras.

Para tal, realizaram uma análise dos dados referentes ao ensaio clínico randomizado sobre suplementação parenteral de glutamina, realizado pelo NICHD Neonatal Research Network, do qual participaram 15 centros dos Estados Unidos.

Foram incluídos 1.366 RNPT-EBP, que estavam vivos até o final da primeira semana, dos quais 1.145 eram adequados para a idade gestacional (AIG) e 221 pequenos para a idade gestacional (PIG), que foram subdivididos em menos criticamente doentes (<7 dias em ventilação mecânica) e mais criticamente doentes (ventilação mecânica nos primeiros 7 dias). Verificaram que, durante as primeiras três semanas de vida, os menos criticamente doentes receberam maior oferta nutricional, apresentaram velocidades de crescimento significativamente maiores, menos frequentemente displasia broncopulmonar moderada/grave, e sepse tardia, tiveram menor mortalidade, menores tempos de permanência e melhores evoluções de neurodesenvolvimento aos 18-22 meses de idade corrigida. Após análises ajustadas desses resultados usando modelos de regressão linear e logística, além de abordagem formal de mediação, verificaram que a influência da doença grave sobre o risco de evolução adversa desses RN era mediada pela oferta energética diária durante a primeira semana de vida.

 

Veja mais detalhes em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21378596

 

*Artigo referência

Ehrenkranz RA, Das A, Wrage LA, Poindexter BB, Higgins RD, Stoll BJ, Oh W, The Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network. Early nutrition mediates the influence of severity of illness on extremely LBW infants. Pediatr Res 2011;69:522-529.