Menor teor de proteína na fórmula infantil reduz o IMC e o risco de obesidade na idade escolar
A obesidade infantil é uma ameaça crescente para a saúde das nossas crianças. As crianças de hoje têm enfrentado problemas de saúde que outrora eram considerados doenças de adultos, tais como: dislipidemias, hipertensão arterial sistêmica e diabetes tipo 2.
Sabe-se que a amamentação está relacionada a uma diminuição do risco de obesidade na infância, quando comparada com a alimentação à base de fórmula infantil, e pode desempenhar um papel importante na prevenção da obesidade.
Várias razões têm sido sugeridas para explicar como a amamentação poderia reduzir o risco de excesso de peso em crianças. A autorregulação da saciedade seria uma delas.
Ademais, a alimentação com fórmula infantil e a amamentação exercem efeitos diferentes sobre o metabolismo e hormônios. O respaldo da “hipótese da proteína”, que tem sido testada em alguns estudos bem desenhados, advém das evidências que sugerem que uma maior oferta proteica pode promover o aumento da concentração de aminoácidos insulinogênicos e das concentrações plasmáticas e teciduais de Insulina e Fator de Crescimento Semelhante à Insulina (IGF-1), que favorecem o ganho de peso acelerado na infância, a atividade adipogênica e o risco de obesidade no futuro.
Fórmulas infantis com maior teor de proteína podem aumentar os níveis de insulina, resultando em maior ganho de peso e obesidade. Essa hipótese foi testada pelo grupo coordenado pelo Prof. Berthold Koletzko, ao ofertar para lactentes no primeiro ano de vida fórmulas infantis com menor teor de proteínas e fórmulas infantis com maior concentração proteica e comparar o Índice de Massa Corpórea (IMC) aos 2 anos de idade com o do grupo de crianças amamentadas. O grupo que recebeu fórmulas com menor conteúdo proteico apresentou IMC significativamente mais baixo (e semelhante ao do grupo de crianças amamentadas) do que aquele que recebeu fórmulas infantis com maior teor de proteínas, sem apresentar prejuízo do crescimento. O estudo que vamos comentar agora é uma continuidade desse primeiro e testa a hipótese da redução proteica na fórmula infantil como sendo ainda impactante na redução do IMC e na prevalência de obesidade num prazo mais longo, aos 6 anos de idade.
Dá-se continuidade à primeira etapa do estudo em que lactentes alimentados com fórmula infantil (n = 1.090) foram distribuídos aleatoriamente para receber fórmulas infantis com maior teor proteico ou receber fórmulas infantis com menor teor de proteína, no primeiro ano de vida. Vale salientar que bebês amamentados (n = 588) foram incluídos como um grupo de referência de observação. Nesse novo estudo, aos 6 anos de idade, foram obtidos peso e altura de 448 (41%) crianças alimentadas com fórmulas infantis. O desfecho primário buscado foi o IMC.
As crianças que receberam fórmulas com maior teor proteico tiveram um IMC significativamente maior aos 6 anos de idade (0,51; IC de 95%: 0,13-0,90; P = 0,009). Adicionalmente, o risco de se tornarem obesas foi significativamente maior (2,43 vezes) nas crianças que receberam fórmula infantil com maior teor proteico (IC de 95%: 1,12-5,27; P = 0,024) do que nas crianças que ingeriram fórmula com menor teor proteico. Houve uma tendência no grupo de crianças que recebeu fórmula com maior conteúdo proteico de apresentar um maior peso (0,67 kg; IC de 95%: 20,04-1,39; P = 0,064), mas não houve diferença de altura entre os grupos de intervenção. As mensurações antropométricas foram semelhantes no grupo de lactentes que recebeu a fórmula infantil com menor teor de proteína e no grupo de lactentes amamentado.
Os autores concluem que fórmulas infantis com menor teor de proteína reduzem o IMC e o risco de obesidade na idade escolar. Evitar alimentos infantis de alto teor proteico pode contribuir para a redução da obesidade infantil.
Veja mais detalhes em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24622805
Artigo de referência:
Weber M1, Grote V, Closa-Monasterolo R, Escribano J, Langhendries JP, Dain E, Giovannini M, Verduci E, Gruszfeld D, Socha P, Koletzko B; for The European Childhood Obesity Trial Study Group. Lower protein content in infant formula reduces BMI and obesity risk at school age: follow-up of a randomized trial. Am J Clin Nutr. 2014 Mar 12.
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